Angelus com Papa Francisco na festa da Imaculada Conceição
Caros irmãos e irmãs,
Este segundo domingo do Advento cai no dia da festa da Imaculada Conceição de Maria, e então, o nosso olhar é atraído pela beleza da Mãe de Jesus, a nossa Mãe! Com grande alegria a Igreja contempla a “cheia de graça” (Lc 1, 28), assim como Deus olhou para ela desde o primeiro momento em seu desígnio de amor. Maria nos sustenta em nossa jornada rumo a Natal, porque nos ensina a viver este tempo do Advento, na espera do Senhor.
O Evangelho de São Lucas nos apresenta uma jovem de Nazaré, uma pequena cidade da Galiléia, na periferia do Império Romano e também na periferia de Israel. No entanto, sobre ela posuou o olhar do Senhor, que a escolheu para ser a mãe de seu Filho. Em vista dessa maternidade, Maria foi preservada do pecado original, ou seja, daquela quebra na comunhão com Deus, com os outros e com a criação, que fere em profundidade, cada ser humano. Mas essa ruptura foi curada em antecipação na Mãe d’Aquele que veio para nos libertar da escravidão do pecado. A Imaculada está inscrita no desígnio de Deus, é o fruto do amor de Deus que salva o mundo.
E Nossa Senhora nunca se afastou deste amor: toda a sua vida, todo o seu ser é um “sim” a Deus. Mas certamente não foi fácil para ela! Quando o Anjo a chama de “cheia de graça” (Lc 1, 28), ela fica “muito perturbada”, porque na sua humildade se sente pequena diante de Deus. O Anjo a conforta: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus; E eis que conceberás um filho, e o chamars com o nome de Jesus” (v. 30). Esse anúncio a perturba ainda mais, porque ainda não é casada com José, mas o Anjo acrescenta: “O Espírito Santo virá sobre ti , e Aquele que nascer será santo e será chamado Filho de Deus” (v. 35) . Maria escuta, obedece interiormente e responde: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (v. 38).
O mistério desta menina de Nazaré, que está no coração de Deus, nãonos é um estranho. Na verdade, Deus coloca o seu olhar amoroso sobre cada homem e mulher! O apóstolo Paulo afirma que Deus “nos escolheu Nele antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis” (Efésios 1, 4). Também nós, desde sempre, fomos escolhidos por Deus para viver uma vida santa, livre de pecado. É um projeto de amor que Deus renova cada vez que nos aproximamos Dele, especialmente nos sacramentos.
Nesta festa, contemplando a nossa Mãe Imaculada, também reconhecemos o nosso destino mais verdadeiro, a nossa mais profunda vocação: sermos amados, transformados pelo amor. Olhemos para ela, e deixemos que ela nos olhe. Aprendamos a ser mais humildes, e termos ainda mais coragem para seguir a Palavra de Deus, para receber o abraço carinhoso de seu Filho Jesus, um abraço que nos dá vida, esperança e paz.